sexta-feira, 16 de março de 2012

Nosso foco é a saúde ou a doença?

Hoje, resolvi postar aqui um trecho de um livro maravilhoso que estou lendo: "Medicina Ayurvédica para a mulher", de Atreya, um dos mais respeitados escritores sobre o assunto. O prefácio, escrito por uma médica ginecologista, Dra Elisabeth Hesse é um caso a parte, uma obra-prima da humildade de uma "doutora" diante da sabedoria antiga da medicina ayurveda e a sensibilidade dela ao lidar com as pacientes no dia-a-dia.

Mas o trecho que selecionei é outro! Ele é um alerta interessante em relação à medicina oficial (que alguns chamam de tradicional, mas de tradicional não tem nada, já que ela é muito recente). Atreya escreve com muita sabedoria, muito equilíbrio... Percebe-se que a intenção dele não é atacar gratuitamente a metodologia moderna, mas mostrar que é possível ter mais saúde e cuidar do bem-estar de outras maneiras.

Costumo dizer que foi graças à medicina oficial que eu sobrevivi e hoje estou aqui para contar a história. Eu e meu filho! Quando eu estava com sete meses e meio de gestação, senti uma dor fortíssima na barriga, sem conseguir detectar, exatamente, a localização. Eu estava com um cisto no ovário que, tendo torcido, devido ao peso da barriga, fez um estrago feio no ovário e na trompa, gerando uma hemorragia interna que não dava nenhum sinal externo. Se não fosse a competência da minha obstetra, Dra Isabel Lopes (pessoa do bem, anjo que salvou nossas vidas!), e toda a parafernália da medicina moderna - incluindo ultrassonografia, cesariana, anestesia, incubadora, antibióticos -, nem eu e nem meu filho estaríamos hoje aqui.

Então, eu agradeço profundamente os recursos da medicina oficial, que costumam ser muito bons para urgência e emergência. Mas como espero que minha vida não seja uma sucessão de urgências e emergências, me parece que seria mais interessante usar a sabedoria da medicina mais antiga do mundo, para cuidar da saúde, ao invés de cuidar da doença.

Peguem a pipoca ou o chazinho e venham comigo! :-) Ah, algumas partes em negrito são de minha autoria, por considerar pontos-chave para compreender tudo isso melhor.

"Através da história, as plantas têm sido usadas como remédio. Contudo, a potência terapêutica e a confiabilidade das plantas variavam muito com as estações do ano e método de cultivo e colheita. Quando a Revolução Industrial começou, no final do século XVIII, um dos principais objetivos foi encontrar uma maneira de estabilizar a fonte de medicamentos para que resultados mais precisos e seguros pudessem ser obtidos. Uma admirável tarefa para a humanidade. Além disso, o armazenamento dos remédios tinha sido sempre um problema. Assim, com o passar dos anos, foram desenvolvidos métodos pelos quais as substâncias terapêuticas das plantas podiam ser extraídas e armazenadas com segurança.

Essa abordagem reflete a visão mecância - isto é, pela compreensão da substância ou substâncias químicas de uma planta pode-se conhecer o efeito dessa planta sobre as doenças, e também reproduzir as substâncias nela contidas. Essa lógica é ainda adotada atualmente, mesmo depois de décadas de problemas e efeitos colaterais. No início, grandes avanços foram feitos no tratamento das doenças. Ainda hoje as descobertas continuam, mas a que preço?

Numerosas doenças foram erradicadas da sociedade e muitas outras mais assumiram seu lugar. Grande número de cirurgias sem sentido é realizado diariamente nos Estados Unidos - desde histerectomias até a remoção das tonsilas palatinas (amígdalas). O corpo humano é tratado como se produzisse órgãos indesejados, que poderiam atuar como fonte das doenças. Sofremos lavagem cerebral, sendo levados a acreditar que a medicina moderna já eliminou as principais causas de doenças nos países em desenvolvimento no mundo.

Essa informação é questionável. Na melhor das hipóteses substituímos um conjunto de doenças por outro. Só o aumento de vários tipos de câncer, ataques cardíacos e endurecimento das artérias é enorme. Entretanto, talvez o fato menos divulgado e assustador é que as infecções virais continuam sendo a principal causa de mortes em todo mundo - a influenza. As pessoas, hoje, começam a se conscientizar de que os microorganismos estão se tornando cada vez mais resistentes aos antibióticos devido ao seu uso ostensivamente exagerado por parte da comunidade médica. Pergunto-me porque são necessários seis anos de estudo e vários anos de residência para preparar médicos que irão prescrever o mesmo antibiótico para diferentes pessoas com uma variedade de problemas.

Atualmente, vemos uma série de doenças ambientais, resultantes das quantidades maciças de poluentes industriais em nossa cadeira alimentar. Apenas um exemplo disso: 51 dos milhares de produtos químicos usados diariamente afetam de modo direto o sistema endócrino. A maior parte são os chamados "produtos químicos estrogênicos". Eles ocorrem em pesticidas, adubos, plásticos, detergentes, produtos de limpeza domésticos, alimentos enlatados e até mesmo cremes contraceptivos. Estão em PCBs (bifenilas policloradas). Hoje, esses produtos encontram-se disseminados por todo o meio ambiente. Eles prejudicam ou superestimulam diretamente a produção de estrógeno, o qual estudos vêm revelando de modo constante, provoca o aparecimento de câncer, tumores e outros crescimentos no corpo humano. O excesso de estrogênio pode causar ansiedade e promover a síntese excessiva de gorduras (aumento de peso).

Como os pesticidas e os fertilizantes já penetraram todos os níveis da cadeia alimentar, tanto homens quanto mulheres estão cada vez mais propensos a ter problemas com o sistema endócrino - que como vimos controla o corpo todo. O aumento do câncer pode estar diretamente relacionado com os alimentos e a alimentação. A ciência sabe disso, mas as informações são mantidas fora dos meios de comunicação de massa por pessoas e empresas que lucram com os alimentos e produtos vendidos. Devemos observar que dependemos desses mesmo produtos em nossa vida diária. O que os pesquisadores sabem e o que vem a público é, com frequência, muito diferente. Os livro de John Robbins apresentam informações interessantes nessa linha, especialmente sobre alimentação e nutrição.

Com essas informações é difícil aceitar o argumento de que a ciência realmente eliminou as doenças do planeta. Não seria mais preciso afirmar que a ciência substituiu um conjunto de doenças por outro? O dr Subhuti Dharmananda, pesquisador e diretor do Institute for Tradicional Medicine and Preventive Health Care declarou, em 1980, a respeito da história da medicina:

Onde praticados, um melhore saneamento e uma alimentação adequadafizeram mais pela saúde do que qualquer medicina que já tenha sido exercida. Poucas pessoas parecem conseguir essas condições em suas vidas, e por isso, a medicina é necessária para realizar uma tarefa monumental!

Os modernos produtos farmacêuticos foram criados para combater os problemas da sociedade humana, a maioria dos quais decorre da poluição e dos mais hábitos.
A principal causa de mortes na Índia, atualmente, é a disenteria, uma infecção viral resultante de más condições de higiene. Nos EUA temos outros tipos de poluentes, que causam câncer de mama, elevação da pressão arterial e outras doenças. É devido a esses fatores externos e a hábitos inadequados de alimentação que as pessoas geralmente adoecem. Doenças do coração são as que mais matam mulheres acima dos 50 anos; contudo, o fato de a alimentação e os exercícios já terem sido claramente relacionados com elas não impede que médicos tentem tratar o resultado de estilos de vida incorretos. Por isso, os remédios modernos se destinam a combater os sintomas dessas doenças e não os fatores causais decorrentes do estilo de vida ou do meio ambiente.

Aqui, portanto, é onde a medicina principalmente se desvia da filosofia do Ayurveda: concentra-se nos sintomas e não na origem dos mesmos. A ciência acredita que, descobrindo o patógeno responsável por um sintoma e o eliminando, ela pode restabelecer a saúde. Essa abordagem está limitada a doenças agudas. A observação diária tem demonstrado repetidas vezes que os mesmos sintomas reaparecem depois de um tratamento com drogas sintéticas ter efetivamente erradicado o agente causador do corpo. Por que então ocorre a recidiva da doença? Talvez a causa verdadeira desta não esteja limitada a um patógeno.

Vamos examinar uma versão simplificada de como produtos farmacêuticos sintéticos atuam no corpo. Esses produtos são feitos para gerar resultados rápidos, padronizados, constantes. Isso significa que pode ser mensurado de uma maneira ou de outra, vezes seguidas. Se uma substância pode ser produzida ou isolada e ter essa ação, ela se torna valiosa para a ciência. Esses produtos têm que ser separados e isolados de outras substâncias para que se possa avaliá-los eficazmente. Isso também permite à ciência observar os efeitos da substância isolada.

Por meio desse processo, a substância é transformada em algo inerte, morto. Torna-se inorgância (isto é, não mais ocorre em seu estado original, como na natureza). Sua estrutura química permanece a mesma ou extremamente próxima, mas é considerada morta pelo corpo humano. Isso pode ser mais claramente definido por sua ação no corpo. Essas substâncias sintéticas isoladas agem de maneira agressiva no organismo. Elas não atuam com o corpo, mas a despeito deste. Por essa razão, esses produtos conseguiram efeitos miraculosos contra as doenças.

Contudo, há um preço a pagar. Essa agressividade - ou ação de forçar-e-entrar, a invasão - sempre cria efeitos colaterais. Os efeitos secundários podem ser conhecidos ou não. A ciência moderna usa principalmente um critério para determinadar se uma substância é segura: ela é carcinogência? A questão de uma substância causar ou não câncer tornou-se, portanto, o fator fundamental na determinação da segurança dessa substância no tratamento de uma doença. Os outros efeitos colaterais geralmente não são avaliados ou investigados devido à falta de tempo e dinheiro. Na verdade, para se conhecer todos os efeitos colaterais de qualquer substância isolada seria necessário testar cada um dos sistemas, órgãos e glândulas, além de suas funções no corpo, e ainda não se poderia saber como o todo orgânico iria responder à substância isolada.

Essas substâncias não possuem uma inteligência inata que lhes permite perceber o que pertence ao organismo e o que não pertence. Elas invadem as células (o tipo de célula depende do medicamento usado), forçando a entrada para exercer sua ação. Outro teste fundamental para a medicina científica serve para avaliar se o corpo pode, eventualmente, eliminar a maior parte da substância. Caso contrário, diz-se que ela é tóxica, sendo considerada como veneno. O corpo então enfrenta a tarefa de rejeitar o produto e os patógenos que este destruiu, função essa que o corpo geralmente é incapaz de realizar completamente. Uma pequena porcentagem do medicamento permanece em tecidos profundos ou nos órgãos de filtração."

Bem... Isso é somente um aperitivo. Adiante, o autor começa a detalhar o que acontece, por exemplo, no caso de uma aparentemente inofensiva cápsula de vitamina C sintética, até chegar na forma como as famosas pesquisas são elaboradas, em que os critérios iniciais já distorcem o resultado final, fazendo os remédios parecerem uma maravilha da ciência, um milagre!

Enfim... Eu recomendo que comprem o livro! ;-)

Como a postagem de hoje foi bem árida, vamos atender o pedido da Virgínia, na postagem anterior, e falar sobre aquelas pastinhas coloridas, saudáveis e saborosas...rs

Pasta de berinjela

Leve a berinjela inteira ao forno até ela fazer PUF, ou seja, até ficar macia e estufar. Então coloque a berinjela em pedaços no liquidificador e bata com 1 dente de alho, azeite extra-virgem, sal e um tico de água. Bata até ficar um creme grosso.

Pasta de cenoura

Cozinhe algumas cenouras (eu cozinhei 3), por pouco tempo para que ainda estejam firmes e não percam todas as vitaminas. Ou então, façam metade das cenouras cozidas e metade cruas e então a pasta terá uma consistência mais crocante. Coloque no liquidificador com um pouco de suco de laranja, azeite extra-virgem, uma pitada de noz-moscada. Bata.

Pasta de ricota

Amasse uma ricota e, se precisar hidrate um pouquinho com água ou leite (algumas ricotas são muito secas). Pique a cebola bem miudinha e um punhado de ervas: manjericão, alecrim, hortelã, erva-doce (não a semente, mas as folhas) e salsa. Misture bem e acrescente o sal.

O mais legal de ter sempre umas pastinhas assim, prontinhas, é que servem para o café da manhã, um lanche e até mesmo para substituir o almoço (no pão integral e acompanhada de uma boa vitamina de frutas), numa hora de correria, pois são muito nutritivas! Para quem quiser enriquecer ainda mais o valor nutritivo de cada uma delas, recomendo acrescentar, por exemplo: nozes ou castanha-do-pará na de berinjela; semente de linhaça na de cenoura e passas na de ricota.

Um comentário:

  1. Oi Cláudia!

    Acabei de ver o post agora. Obrigada por postar as receitinhas. Que delícia! Vou testar e depois te conto.

    Beijos

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